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Privatizada, Eletrobras entra no clube das dez empresas mais valiosas da Bolsa

Os analistas voltaram. Depois de uma quarentena autoimposta, os bancos aos poucos retomam a cobertura da “nova” Eletrobras, agora privatizada.

O site de relacionamento institucional da empresa informa que há 12 bancos e corretoras que acompanham a companhia. Acontece que todos estavam direta ou indiretamente envolvidos na oferta pública de ações que levou à perda do controle estatal e, por isso, decidiram suspender a cobertura. Reza uma lenda urbana que circula na Avenida Faria Lima que se trata de uma proibição da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Não é o caso.

“As normas da CVM não proíbem relatórios, mas na prática é o que acontece”, Lucy Sousa, presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) ao repórter Felipe Laurence

Não proíbe, mas o regulador do mercado de capitais já ofertas por causa de notícias na imprensa, com direito a incursões em corretoras. Então, apesar de haver uma separação, a “chinese wall”, entre a área de análise e a que faz as ofertas públicas, a de banco de investimentos, ninguém fala nem escreve nada para evitar qualquer suspeita de conflito de interesse. O investidor que dependia dessa informação teve que buscá-la nas casas menores, chamadas independentes, o que, nessas circunstâncias, não deixa de ser uma identificação apropriada.

Os analistas agora libertos das amarras do conflito estão falando maravilhas. Em um momento de cortes generalizados de preços-alvo num ambiente de inflação e juros altos, com os profissionais do ‘valuation’ numa corrida frenética para ajustar seus modelos às rápidas mudanças de cenários, a Eletrobras brilha entre as poucas exceções.

As ações da empresa já vinham subindo na expectativa da saída da União, mas era uma aposta arriscada em um ano de eleição presidencial em que uma dos candidatos é radicalmente contra a privatização e chegou a ameaçar revertê-la caso eleito. As bravatas não impediram a libertação da empresa do modelo esgotado em que era mantida e, como as repórteres Juliana Schincariol e Flávya Pereira, a privatização colocou a elétrica em um novo patamar, refletido na valorização das ações. No fim de junho, tanto o papel ordinário (ON) quanto o preferencial (PNB) bateram o nominal, R$ 46,20 e R$ 46,70, valorizações no semestre de 44% e 50%, respectivamente, enquanto o Ibovespa caiu 5,18% e o IEE, índice do setor elétrico, subiu 5,48% no período. Na oferta pública, em maio, as ON vendidas pela União saíram por R$ 42.

Nesse embalo, a maior empresa do setor elétrico na América Latina ganhou dez posições e ultrapassou gigantes da B3 como Suzano, JBS e Banco do Brasil no ranking das maiores companhias de capital aberto por valor de mercado. Nesta quarta-feira, ela briga pela sétima posição com o BTG Pactual, avaliada em cerca de R$ 100 bilhões. Há 12 meses, a então estatal valia R$ 68 bilhões.

Os analistas esperam mais. Com expectativa de mais cortes de custos e ganhos de eficiência, os preços projetados para doze meses vão de R$ 62 a R$ 67 para a ON e de R$ 62 a R$ 71 para a PNB, valorizações potenciais de cerca de 50% em relação aos preços desta quarta-feira.

Quatro bancos retomaram a cobertura, todos com recomendação de compra — Bank of America (BofA), BTG Pactual, JP Morgan e Credit Suisse. Como consequência da nova gestão privada, estão prevendo melhores resultados. Com isso, um novo patamar de dividendos, mais próximos do que costuma se esperar de uma empresa do setor elétrico. E uma migração para o Novo Mercado da B3, segmento de negociação com exigências mais rígidas de governança, também é esperada para breve.

O BofA tem preço-alvo de R$ 62 (ON) e R$ 67 (PNB). Os analistas do BTG, com preço de R$ 62 (ON), consideram a ação uma das mais baratas entre as acompanhadas pelo banco. Para o JP Morgan, trata-se da principal escolha do setor, por R$ 64 (ON). O Credit Suisse vê um “futuro brilhante” e crava R$ 67 (ON) e R$ 71 (PNB).

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